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Foto de Letícia Ishy |
Ouvi um barulho, olhei pela
janela, acabara de entrar um inseto com seu zumbido irritante. Sob
meus pés o pó, a seca castiga, aprisiona a chuva. Em minha frente, uma pia
repleta de louças sujas. Lá fora há tarefas, aqui dentro também. O carro e seus
problemas, a carteira vazia e o cultivo de olheiras em minha face. Unhas por
fazer, erros para não errar. A pressão desta vida parece querer arruinar-me!
Abri uma fresta na janela da
mente e permiti entrar uma brisa refrescante que paira pelo céu nublado. Oh,
que refrigério! Fechei as portas para diminuir os ruídos que de lá ecoavam,
gritando tudo o que incomoda nessa vida. Abri os olhos e escancarei as janelas
já ligeiramente abertas. Deparei-me com lindas flores e uma diversidade de
sabores na horta e pomar. Nem me dei conta que era o mesmo lugar ao qual me referi
na primeira cena. O cachorro latiu e aquele som pareceu-me melodioso; lavei os
pés e os calcei em chinelos limpos, deixei a louça para mais tarde e desejei
ver mais de Deus em Sua criação ao meu redor.
Olhei-me no espelho e percebi
em meus olhos ainda resquícios da visão embaçada que deturpava o belo de Deus.
Encarei a realidade como uma oportunidade, cresci num salto de empolgação,
desejei a vida e seus incômodos que me tornam tão dependente dEle. Pensei no
que me aguarda, um futuro sem medo e dor. Num estalo de razão minha vida ganhou
emoção! Lavei meus olhos e olhei novamente para fora. Encontrei a tristeza, e
nela um presente; alguns sorrindo sem nem saber ao certo o que estavam comemorando, outros chorando com
tantas bençãos ao redor. Decidi desembrulhar o presente da tristeza, ganhei
sensibilidade e coragem; abri a embalagem do sorriso, e vi a alegria verdadeira
que nunca murcha e nem se desfaz. Olhei nos olhos das crianças e em suas ações
a riqueza do perdão. Um desentendimento, mas a vontade de estar junto e
continuar a brincar é maior. E depois o abraço dos amigos, e o ocorrido já
esquecido.
Sabe-se do peso desta vida, mas
também conhece-se quem os meus fardos quer levar. Ele liberta do medo, da visão
opaca da existência, faz ganhar cor e sabor até o mais imprevisível. Ele renova minhas
esperanças trazendo à minha memória a certeza do perfeito porvir! Este é o Senhor dos meus dias!
Escrito por Letícia Ishy - 2013
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